O neuroempreendedorismo é uma ciência nova, derivada da neurociência e do neuromarketing, que tem por objetivo estudar vários aspectos do sistema nervoso e os reflexos gerados pelo comportamento humano no cérebro.
Para que fique mais claro, neuroempreendedorismo é a ciência que estuda as reações neurais dos estímulos gerados através do empreendedorismo, ou seja, o que acontece no cérebro e quais reações ele tem quando se é exposto a situações decorrentes de empreender.
Decidir se tornar um empreendedor, escolher o ramo de atividade para o negócio, definir estratégias para tirá-lo do papel, inseri-lo no mercado, prospectar e inovar; todas essas atividades são comumente encontradas na vida de quem empreende e geram comportamentos cerebrais similares em todas as pessoas que os vivenciam.
Tais comportamentos ao serem mapeados permitem a identificação dos padrões neurais que os estimularam, tanto nos casos de acerto como nos de erro, possibilitando assim que seja possível identificar quais caminhos o cérebro percorre para tomar uma decisão acertada ou errada.
A partir desse entendimento é possível moldar o cérebro no intuito de ensiná-lo a seguir o caminho mais curto, consistente e assertivo na hora de tomar decisões.
Segundo estudos realizados nos EUA com base no neuroempreendedorismo existem 3 principais fatores que impedem empreendedores de obterem êxito em seus negócios e estão presentes na maioria dos casos de insucesso.
Será que você tem algum deles em seu comportamento? Vamos a eles:
Paixão excessiva por uma ideia ou negócio
Empreendedores tendem a se apaixonar pelas suas ideias e negócios, o que torna difícil uma real percepção do mercado.
Quando criamos uma crença, nosso cérebro busca fatos, acontecimentos, justificavas e até mesmo números que a comprovem.
Como diz o ditado, “contra fatos não há argumentos”, mas contra uma crença não há fatos.
Basicamente é como se olhássemos apenas em uma direção e ignorássemos (inconscientemente) as demais.
Assim como em um relacionamento, a paixão por uma ideia ou negócio pode nos deixar cegos, surdos, mudos e paraplégicos, mas extremamente otimistas com relação aos resultados esperados.
No universo corporativo e empresarial, tomar decisões fundamentadas em emoções pode ser muito perigoso.
Buscar a razão através de dados verdadeiros como pesquisas e a opinião de outras pessoas como amigos, consultores e mentores é fundamental para se ter certeza de estar caminhando na direção certa.
Projeção distante do objetivo a ser alcançado
Empreendedores de sucesso sonham grande e pretendem mudar o mundo através de suas ideias e ações.
O desejo de transformação e a vontade de realizar são os fatores que mais impulsionam pessoas pelo mundo a empreender e isso é muito saudável.
Porém, possuir objetivos muito distantes pode funcionar como uma armadilha para o cérebro.
Projeções dessa magnitude, como por exemplo mudar o mundo, quando se está em um estágio inicial, parecerá uma tarefa extremamente desgastante e talvez inalcançável para o cérebro, uma vez que não é possível se quer que imaginemos quais recursos serão necessários.
Isso fará com que o cérebro perca a motivação e a energia de buscar o resultado.
Uma forma de contornarmos esse problema é dividirmos o objetivo principal em pequenas metas que sejam mais simples de serem executadas.
No caso do nosso exemplo, tendo como objetivo principal mudar o mundo, poderíamos dividi-lo em metas menores como: mudar a mim mesmo, mudar a minha rua, mudar o meu bairro, mudar a minha cidade, mudar o meu estado, mudar o meu país, mudar o meu continente, mudar outros continentes e finalmente, mudar o mundo.
Perceba, que neste exemplo, o grau de dificuldade foi diluído em várias etapas menos difíceis de serem desempenhadas e com maior nível de mensuração, planejamento e coerência.
É mais simples para o cérebro visualizar o objetivo a ser atingido através de escalas e com isso manter constante o ânimo e a determinação para de fato concretizá-lo.
Cada etapa completada servirá como uma vitamina (estimulo) para o cérebro que funciona baseado em um modelo de recompensas.
Quanto mais cedo elas puderem chegar, quanto mais acessíveis elas parecerem, mais o cérebro estará engajado em fazer o que for necessário, pois a realização do objetivo lhe parecerá próximo.
Visão perceptiva muito aguçada
Empreendedores são movidos a ideias.
Um simples passeio em uma praça, uma ingênua conversa com um amigo ou assistir a um programa de TV pode resultar na idealização de um novo negócio.
Perceber oportunidades onde a maioria das pessoas enxergam dificuldades é sem dúvida uma das principais características de quem quer empreender.
Porém, o desejo contínuo de buscar melhores oportunidades pode deixar o empreendedor sem foco.
Comumente, vemos pessoas com esse perfil abandonando projetos por uma nova ideia que lhe parece melhor que a atual, causando mudanças constantes de trajeto e deixando ao empreendedor um rastro de projetos inacabados.
É preciso desenvolver a capacidade de discernir se realmente vale a pena deixarmos de lado uma ideia em que já estamos envolvidos para começar outra.
Para cada oportunidade existe o seu momento e é importante sabermos identificar quando é a hora certa de mudar.
Dizer não e priorizar são virtudes necessárias no mundo dos negócios.
A neurociência por trás da mente empreendedora
Se você quiser se aprofundar no assunto neuroempreendedorismo, a edição de 2014 da Virada Empreendedora, evento que acontece anualmente em São Paulo e que tem como foco fomentar o empreendedorismo, contou com a palestra “Neuroempreendedorismo – A neurociência por trás da mente empreendedora” de Bruno Perin, um dos principais especialistas brasileiros sobre o assunto.
Veja a palestra a seguir: